Concentrações de Vitamina D em crianças e adolescentes no Brasil
Publicado em 04/02/2025
Qual é a concentração de Vitamina D e os fatores de risco para sua deficiência entre crianças e adolescentes no Brasil? Conhecer esses dados foi o objetivo principal do estudo “Alert for the high prevalence of vitamin D deficiency in adolescents in a large Brazilian sample”. O artigo faz parte da tese de doutorado da Dra. Vanessa Radonski, orientada pela coordenadora do INCT Hormona da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Dra. Marise Lazaretti Castro, através do Programa de Pós-graduação da UNIFESP, e teve grande repercussão – ele foi foi tema de um editorial no Jornal de Pediatria, chamando a atenção da comunidade científica.
O grupo avaliou mais de 410 mil dosagens de crianças de zero a 18 anos, tendo como base um banco de dados de um laboratório de análises clínicas, abrangendo todas as regiões do Brasil. Os resultados foram distribuídos por gênero, faixa etária, sazonalidade e latitude. O estudo pode ser lido através do link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38462231/
De acordo com a Dra. Marise, com o estudo foi possível encontrar uma boa fotografia de como andam as concentrações de 25 hidroxivitamina D (25OHD) nesta população. “Uma das surpresas deste trabalho foi que a gente viu que, embora a deficiência grave de vitamina D (25 OHD< 10 ng/mL), seja mais rara no Brasil, ela chegou a atingir 5% das dosagens durante os meses de inverno nas cidades em latitudes mais elevadas”, afirma.
A médica comenta também que as concentrações < 20 ng/mL, ainda consideradas deficientes para este grupo etário, chegaram a atingir mais de 20% das amostras nos adolescentes entre 12 e 18 anos. “Isto deve ocorrer muito provavelmente pelas mudanças comportamentais que acontecem nessa fase da vida, com menos exposição ao sol, ocupação maior em relação ao estudo e ao trabalho, e também hábitos, como ficar mais tempo na frente de telas, menos práticas esportivas e atividades ao ar livre, por exemplo”, explica.
Outro ponto destacado é que tanto a sazonalidade quanto a questão geográfica também influenciam na concentração do hormônio e podem ser consideradas fatores de risco. “No inverno e na primavera, por exemplo, a concentração de Vitamina D está mais baixa na população, assim como nos locais mais ao sul do país, com maior risco de déficit”, alerta. Segundo o artigo, em amostras de adolescentes do sexo feminino da região sul no inverno, foram encontrados 36% de deficiência de vitamina D e 5% de deficiência grave.
Ainda de acordo com a pesquisa, uma deficiência maior foi observada entre os adolescentes, especialmente no sexo feminino, o que levanta questões sobre a necessidade de suplementação durante este período da vida. “O artigo chama a atenção dos médicos para que eles prestem atenção nesta faixa etária e façam a reposição de Vitamina D”, finaliza.