Superexpressão de miR-200b-3p e endometriose

Postado em 24/05/2022

Um estudo inédito, realizado pela equipe do INCT Hormona da USP de Ribeirão Preto (SP), investigou a relação entre a teoria do fluxo menstrual retrógrado, a presença de células-tronco mesenquimais no sangue menstrual e as mudanças em moléculas regulatórias pós-transcricionais como atores na etiopatogenia da endometriose.

De acordo com a professora e pesquisadora Dra. Juliana Meola, o tema ganhou destaque na comunidade científica e no contexto da endometriose, dada a importância da menstruação para a patogênese da doença e o papel multifuncional das células-tronco presentes no fluxo menstrual para a medicina regenerativa, como fonte não invasiva para obtenção destas células. “Até onde sabemos, o desequilíbrio de pequenas moléculas regulatórias, chamadas de miRNAs, nas células-tronco presentes no sangue menstrual, ainda não havia sido evidenciado em associação com o desenvolvimento da endometriose”, comenta a especialista.

Segundo a Dra. Juliana, o grupo conseguiu descrever, através da literatura e análises computacionais, que quatro miRNAs (miR-143-3p, miR-100-5p, miR-21-5p e miR-200b-3p) são reguladores dos genes EGR1, SNAI1, NR4A1, NR4A2, ID1, LAMC3 e FOSB e estão envolvidos nas vias de apoptose, angiogênese, resposta hormonal esteróide, migração, diferenciação e proliferação celular. “Também exploramos a expressão desses miRNAs por RT-qPCR, que é a técnica padrão ouro para tal, e descobrimos que o miR-200b-3p é aumentado nas células-tronco presentes no fluxo menstrual de mulheres com endometriose. Esse desequilíbrio pode desempenhar um papel importante para o desenvolvimento da doença”, explica.

O estudo questiona se a superexpressão de miR-200b-3p está associada ao aumento da proliferação celular, stemness e acentuado processo de transição mesenquimal-epitelial no endométrio eutópico de mulheres com endometriose. “Acreditamos que o miR-200b-3p desregulado pode estabelecer alterações primárias nas células, favorecendo a implantação de tecido no local ectópico”, afirma Dra Juliana Meola. “Esta pesquisa abre caminhos para estudos sobre a função deste miRNA e destas células-tronco para o desenvolvimento da endometriose e futuramente para possíveis alvos terapêuticos”, finaliza.

O artigo “Overexpression of miR-200b-3p in Menstrual Blood-Derived Mesenchymal Stem Cells from Endometriosis Women” pode ser lido na íntegra no link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35075610/