Níveis de potássio em mulheres com SOP usando a espironolactona e longo prazo
Publicado em 19/07/2024.
Um grupo de pesquisadores no INCT Hormona do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) realizou um estudo com o objetivo de avaliar a incidência de hipercalemia – excesso de eletrólitos de potássio circulando no sangue de um paciente – em mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que fazem uso a longo prazo de espironolactona. O artigo “Potassium levels in women with polycystic ovary syndrome using spironolactone for long-term” pode ser lido no link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38127445/
De acordo com o médico endocrinologista e pesquisador do INCT Hormona, Dr. Lucas Bandeira Marchesan, o levantamento é de grande importância para a saúde da mulher, afinal a droga espironolactona é frequentemente utilizada na SOP para o tratamento das manifestações do excesso do hormônio masculino (hiperandrogenismo), como aumento de pelos, queda de cabelo e acne. Entretanto teme-se que seu uso possa estar associado ao aumento dos níveis de potássio no sangue. “Com esse estudo, verificou-se que o uso da espironolactona tem baixo risco de hipercalemia, quando utilizada em mulheres jovens e sem doenças renais ou cardíacas, como é o caso da maioria das mulheres com a Síndrome”, explicou.
O especialista explica que os níveis de potássio baixos ou elevados podem ser prejudiciais à saúde, pois podem causar problemas como arritmia cardíaca, entre outros sintomas. “Nas mulheres com SOP, o uso da droga espironolactona é mais frequente em relação às mulheres sem SOP, embora ela possa também ser utilizada para outras indicações, como tratamento de hipertensão arterial ou doenças cardíacas”, comenta.
A pesquisa foi realizada com a inclusão e análise de 98 períodos de tratamento em 78 mulheres , que receberam o hormônio no mínimo por 12 meses e tiveram pelo menos três medições dos níveis de potássio ao longo do tempo. O artigo concluiu que o risco do aumento dos níveis de potássio, moderado ou grave, é baixo em mulheres com SOP que utilizam doses usuais de espironolactona, desde que não tenham problemas renais ou cardíacos, e que não utilizem outras medicações que aumentem esse risco. “Dessa forma, a recomendação de monitorar frequentemente os níveis de potássio durante o uso da medicação pode não ser necessária neste grupo específico de pacientes”, finaliza o especialista.