O efeito da terapia hormonal de afirmação de gênero sobre o risco de aterosclerose subclínica na população transgênero
Publicado em 21/08/2023
Avaliar as últimas evidências publicadas sobre fatores de risco de aterosclerose subclínica na população transgênero em uso de terapia hormonal de afirmação de gênero. Esse foi o objetivo de uma revisão sistemática realizada pela equipe do INCT Hormona do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS).
O artigo “The Effect of Gender-Affirming Hormone Therapy on the Risk of Subclinical Atherosclerosis in the Transgender Population: A Systematic Review” pode ser lido no link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36603652/ De acordo com a Dra. Roberta Moreira Allgayer, a principal motivação do estudo foi o fato de ainda não estar claro o papel da terapia hormonal na saúde cardiovascular dos pacientes transgêneros. “Estudos de coorte têm mostrado que essa população morre mais por causas cardíacas, porém, como são grandes estudos que não controlam diversos fatores de risco, ainda fica a dúvida do papel dos hormônios nesses resultados”, explica. A revisão sistemática utilizou as informações das bases de dados PubMed, LILACS, EMBASE e Scopus para estudos de coorte, caso-controle e transversais ou ensaios clínicos randomizados, incluindo pessoas transgêneros que recebem terapia hormonal de afirmação de gênero. Dos 159 estudos potencialmente elegíveis identificados inicialmente, 12 foram incluídos na revisão sistemática (oito estudos transversais e quatro estudos de coorte). “Os resultados do nosso trabalho apontaram para um possível maior risco de aterosclerose subclínica nos homens transgêneros em uso de testosterona e um risco menor ou neutro nas mulheres transgêneros, usando diversas formulações de estradiol e antiandrogênios”, explica Dra. Roberta. Apesar dos resultados, a especialista explica que as evidências encontradas não são totalmente conclusivas. “São necessários mais estudos controlados para verificar como o uso de hormônios impacta nos parâmetros cardiovasculares dessa população”, comenta. “Já está em andamento um estudo no nosso serviço, no qual avaliamos a variabilidade da frequência cardíaca através de um exame cardíaco – holter – em repouso e após estresse nos pacientes transgêneros usando terapia hormonal de afirmação de gênero comparados com cisgêneros, o qual provavelmente irá contribuir para entendermos um pouco mais sobre a ação dos hormônios no risco cardiovascular”, finaliza.