SPDEM: O papel do endocrinologista na medicina transgênero
Postado em 16/03/2022
A coordenadora geral do INCT Hormona, Dra. Poli Mara Spritzer, foi um dos grandes nomes que se apresentaram durante o Congresso Português de Endocrinologia – 73.ª Reunião Anual, representando a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). O tema abordado pela especialista foi “Medicina transgênero: o papel do endocrinologista”.
Segundo a Dra. Poli Mara, o tópico é de bastante relevância, já que a abordagem endócrina de indivíduos transgênero ainda é uma prática médica recente na Medicina, com cerca de 50 anos, e uma maior experiência na Europa, em relação a outros continentes. Dessa forma, a professora apresentou um pouco do histórico da construção do conhecimento em relação à Endocrinologia nesta área, com as primeiras publicações tendo sido sobre relatos de casos, além dos aspectos médicos legais, além dos estudos observacionais e das primeiras diretrizes sobre a prática clínica. Dra. Poli ainda comentou sobre a validação de métodos médico-educativos para transferir este conhecimento voltado à atuação dos jovens endocrinologistas e dos médicos que estão na ponta, atendendo seus pacientes na atenção primária e secundária.
“O papel do endocrinologista é fundamental dentro da equipe multidisciplinar que apoia a assistência à saúde dos indivíduos transgênero, uma vez que são utilizados hormônios contrários aos que são usados normalmente em homens e mulheres”, explica a médica. “Isso porque esses indivíduos, que se identificam ao gênero oposto ao seu nascimento, precisam adequar o seu corpo à aparência do gênero desejado”, comenta. De acordo com a pesquisadora, o tratamento deve ser feito a longo prazo, em etapas, e precisa ser avaliado constantemente para o ajuste de doses. “O apoio do profissional da área de saúde mental é muito importante em todo o processo”, orienta.
Outro destaque apresentado pela Dra. Poli Mara é que, desde 2018, a transgeneridade saiu do grupo de doenças mentais para ser classificada no ítem Condições Relativas à Saúde Sexual. “Para que a pessoa possa receber o tratamento hormonal e/ou cirúrgico, e diminuir o seu sofrimento em relação à incongruência com o gênero de identidade, é necessário um código relativo à categorização de doenças, determinado pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID)”, explica. “Esse foi um dos grandes avanços da Organização Mundial da Saúde nessa modificação do CID”, finaliza.
O Congresso foi realizado entre os dias 3 e 6 de fevereiro, no Centro de Congressos do Algarve, em Portugal. O evento internacional é promovido pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo – SPEDM.