O Trabecular Bone Score (TBS) é uma ferramenta útil no hiperparatireoidismo primário?

Postado em 23/09/2021

Um estudo realizado pela equipe do INCT Hormona da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) teve como objetivo avaliar a utilidade das medidas de Trabecular Bone Score (TBS), combinadas com valores de Absorpciometria Dupla de Raios X (DXA). A proposta foi buscar uma avaliação mais precisa do risco de fragilidade óssea em pacientes com hiperparatireoidismo primário.

O estudo “Trabecular Bone Score (TBS) in Primary Hyperparathyroidism (PHPT): A Useful Tool?”  já havia sido premiado durante o V Workshop de Integração das Ciências Básicas e Clínicas em Osteometabolismo, em 26/10/2019, São Paulo, organizado pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO), e o artigo científico pode ser lido na íntegra neste link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34045135/

De acordo com a coordenadora do Instituto na UNIFESP, Dra. Marise Lazaretti Castro, o TBS é um software que pode ser instalado nos aparelhos de densitometria e complementa seu resultado, avaliando a estrutura do osso trabecular da coluna vertebral. “O hiperparatireoidismo primário pode levar, frequentemente, à perda óssea, mesmo em suas apresentações assintomáticas”, afirma.

Metodologia e resultados

Este trabalho é parte da tese de doutorado da aluna Livia Marcela dos Santos, orientada pela Dra. Marise Lazaretti. De acordo com a orientadora, participaram da pesquisa 64 pacientes, entre 2017 e 2019, com diagnóstico de hiperparatireoidismo primário, antes da cirurgia, além de 63 controles.

A densidade mineral óssea (DMO) por DXA na coluna lombar, quadril total, colo do fêmur, terceiro rádio distal e TBS foi determinada em pacientes e grupo controle. “Fraturas vertebrais foram avaliadas por VFA (Vertebral Fracture Assessment) no próprio aparelho de DXA, e classificadas de acordo com o método de Genant” explica.

“Como esperado, os pacientes com HPTP apresentaram valores de DMO menores do que os do grupo controle em todos os locais avaliados. As medidas de TBS também foram estatisticamente menores em pacientes com PHPT do que nos do controle (média de TBS, PHPT = 1,233 vs controles TBS = 1,280; p = 0,044)”, explica Dra. Marise. “A osteoporose foi observada em 50% dos pacientes com HPTP e 26,6% dos controles (p = 0,02), no entanto, o T-Score da coluna lombar <-2,5 foi observado apenas em 21,8% dos pacientes com HPTP”, explica.

Segundo o estudo, fraturas vertebrais foram detectadas em nove indivíduos (14%) do grupo HPTP e quatro (6,3%) no controle (p = 0,24), e as medidas de TBS foram mais discriminatórias para avaliar risco de fraturas vertebrais, do que a DXA convencional.

“A curva ROC mostrou que os valores de TBS <1,187 estão associados a um risco significativamente maior de fratura vertebral dentre os pacientes com HPTP (p = 0,02)”, comentou a especialista.

Para finalizar, a pesquisa concluiu que o TBS usado como complemento às medições DXA é uma ferramenta útil que pode avaliar melhor a fragilidade óssea entre os pacientes com HPTP.