Endometriose e células-tronco: identificação de genes de referência
Postado em 22/07/2021
Um trabalho pioneiro, desenvolvido pela equipe do INCT Hormona da USP de Ribeirão Preto (SP), realizou a identificação dos genes de referência mais adequados para serem empregados nos cálculos de mensuração da expressão de moléculas mensageiras em células-tronco, obtidas do fluxo menstrual de mulheres com e sem endometriose.
De acordo com a professora e pesquisadora Dra Juliana Meola, o achado tem grande importância no direcionamento de outros estudos. “A origem da endometriose é enigmática e, desta forma, tem sido objeto de muita investigação”, afirma. “Dentre algumas ideias, está a de que o tecido endometrial e, consequentemente, os componentes celulares presentes no sangue menstrual são o primeiro passo para o início da doença”, explica.
A especialista comenta que, nas últimas décadas, tem sido sugerido que células-tronco presentes no fluxo menstrual de mulheres acometidas pela doença carreguem alterações ao nível de moléculas mensageiras (expressão gênica), colaborando para o surgimento e o desenvolvimento da endometriose. “A técnica padrão ouro para a quantificação destas moléculas é chamada de Reverse Transcription-quantitative Polymerase Chain Reaction (RT-qPCR), contudo, a confiabilidade nas medições da expressão gênica, empregando a RT-qPCR é fortemente afetada pelo uso de genes housekeeping ou genes de referência instáveis nos cálculos de normalização de dados”, conta a especialista.
No estudo, o grupo usou critérios de seleção de caso e controle rigorosos e coletou o sangue menstrual de mulheres com diagnóstico laparoscópico de endometriose avançada e de mulheres férteis sem endometriose. “Foi testada, pela primeira vez, a estabilidade de 32 genes de referência candidatos para alcançar maior precisão e resultados confiáveis na quantificação da expressão gênica e dirigir experimentos futuros, usando PCR quantitativo de transcrição reversa (RT-qPCR) em MenMSCs para estudos de endometriose”, afirma. “Usando a ferramenta da web RefFinder, recomendamos os genes de referência EIF2B1 e POP4 para a normalização de dados RT-qPCR em projetos de estudo semelhantes aos nossos e sugerimos evitar os genes de referência GAPDH e ACTB, comumente usados, pois eles são instáveis” alerta.
Dra. Juliana acredita que o achado vai contribuir com outros estudos. “Este trabalho é capaz de direcionar estudos com diversas abordagens, além da endometriose, pois estas células-tronco são derivadas de uma fonte de tecido minimamente invasiva com altas aplicações na medicina regenerativa”, finaliza.
O artigo “Identification of suitable reference genes for mesenchymal stem cells from menstrual blood of women with endometriosis” pode ser lido na íntegra neste link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33686153/