Algoritmo para Gravidez e COVID-19
Publicado em 12/05/2020
Historicamente, mulheres grávidas têm sido consideradas com risco aumentado frente a doenças respiratórias infeciosas, a exemplo do observado durante a última epidemia de infecções por H1N1.
“Em relação ao momento atual, com a pandemia de COVID-19, não parece haver uma maior prevalência de intercorrências ou mortalidade neste grupo, embora os dados sejam ainda bastante limitados”, explicou o Prof. Dr. Rui Alberto Ferriani, vice-coordenador do Instituto Hormona.
Ele explica que a transmissão vertical (da mãe ao recém-nascido intraútero) não parece ocorrer, e durante a amamentação a principal forma de contágio pode ser pela respiração da mãe e não propriamente pela passagem pelo leite.
Monitoramento da Literatura Médica
As pesquisas têm demonstrado que a COVID-19 tem apresentações clínicas muito variáveis e, por isso, será preciso mais tempo para entender as possíveis repercussões durante o ciclo gravido-puerperal. Segundo o Dr. Rui, é necessário um contínuo monitoramento da literatura médica, que vem apresentando relatos de casos, ou séries de número limitado de casos, formando um corpo de evidências para uma melhor avaliação das condutas práticas em relação a esta população.
Os Algoritmos
Os algoritmos servem para auxiliar a população médica na tomada de decisões durante o acompanhamento das pacientes, sejam elas assintomáticas ou sintomáticas. “Assim, em um atendimento, podemos ter pacientes com sintomas sugestivos da COVID-19, as assintomáticas completamente e as sob investigação, por terem tido algum risco aumentado de contrair a infecção, como contato ou viagem a região fortemente infectada”, explicou o Dr. Rui.
As medidas a serem tomadas passam pela avaliação clínica inicial, seguida de testagem, a fim de classificar a paciente em protocolos de cuidados e isolamento compatíveis com a segurança da gestante, da equipe de saúde e do recém-nascido.
Tais informações auxiliam e agilizam o atendimento pela equipe de saúde, pois, de forma rápida, são fornecidos indicadores de tomada de decisão. “E, nos tempos atuais, esperamos que tais algoritmos sofram modificações conforme os dados científicos emergirem”.
“Existem recomendações de cuidados gerais, seja na internação, durante o trabalho de parto, durante e após o parto, e sempre enquadrando cada paciente em fase final de gestação em grupos de maior ou menor risco”.
Ele relata que, pelo menos, dois algoritmos foram recentemente publicados e orientam a equipe quanto aos cuidados. O primeiro deles em 3 de março por Favre e cols – http://dx.doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30157-2 -, e o do Colégio Americano de Ginecologia e Obstetricia (ACOG), em 10 de abril de 2020, endossado pelo CDC e NIH – https://covid19treatmentguidelines.nih.gov/.