Pesquisa aborda implicações da hipertensão em mulheres com síndrome dos ovários policístico

Publicada em 20/05/2019

Dados foram publicados na última edição da Revista Fertility and Sterility, que também dedicou espaço editorial para o tema

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um distúrbio que provoca alteração dos níveis hormonais, atingindo cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva. Um estudo realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre estabeleceu relações entre a enfermidade e a hipertensão arterial. Os resultados apontam para uma associação que pode ser facilmente identificada, auxiliando na prevenção de disfunções metabólicas mais graves, e foram publicados recentemente, pela Revista Fertility and Sterility, em artigo denominado ACC/AHA 2017 definition of high blood pressure: implications for women with polycystic ovary syndrome. Na mesma edição, o periódico abriu espaço em sua seção Editorial para o tema.

Chamado Sprint, o estudo comparou o tratamento intensivo de hipertensão com o tratamento convencional, mostrando que a mortalidade e eventos cardiovasculares foram mais numerosos no grupo com tratamento convencional. A partir disto, em 2017, as instituições médicas American Heart Association e American College of Cardiology mudaram o índice que define a hipertensão de 140/90 mm Hg para 130/80 mmHg.  

O trabalho foi feito com dados de biorepositório do grupo. Os resultados apontam que, ao considerar hipertensao valores de 130/80 mmHg, o risco de associação com pré-diabete foi 3,5 vezes maior, e de dislipidemia e obesidade quase duas vezes maior em comparação com o antigo índice de 140/90. Isso significa que utilizar valores menores para definir pressão arterial anormal, no caso de mulheres com SOP, fornece uma ferramenta simples de identificação de risco para alterações cardiometabólicas e uma oportunidade para a prevenção precoce. Além disso, a hipertensão inicial diagnosticada nas pacientes com SOP recomenda o tratamento apenas com mudanças para um estilo de vida saudável, o que vai contribuir para a redução das co-morbidades metabólicas.

Conforme a pesquisadora Poli Mara Spritzer, Coordenadora Geral do INCT Hormona, além dos distúrbios reprodutivos a SOP está associada com maior risco de diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. “Assim, estas pacientes, embora ainda jovens, apresentam maior prevalência de fatores de risco cardiovascular, e medidas de prevenção são fundamentais”, destaca Poli Mara.

Edição: Luiz Sérgio Dibe
Com informações da Coordenadoria de Comunicação Social do HCPA.